OBSERVATÓRIO NEGRO

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terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

E aí?! Agora sabemos o que é racismo?

23/04/2005

Mídia e Racismo 1


“Se lembrarmos, contudo, que as representações sociais vão se afirmando e confirmando através do que lemos e ouvimos sem o trabalho da análise e da reflexão, então a vida curta e fugaz da informação jornalística se torna algo que merece a nossa atenção permanente”. Iray Carone e Isildinha Baptista Nogueira em "Faíscas elétricas na imprensa brasileira: a questão racial em foco".
O caso de racismo no futebol: notícia que tomou a atenção do povo brasileiro nestes últimos dias.O fato em si pode ser refletido por vários ângulos e é esse o propósito desse artigo.
Inicialmente, cabe-nos tentar compreender a reação da mídia com a notícia, esse fenômeno que mobilizou as pessoas que freqüentemente resistem a falar sobre o assunto, principalmente a pauta jornalística, e dificilmente vêem, num caso de racismo, notícia. Muitas vezes, as instituições de recebimento de casos de racismo buscam na mídia a divulgação de casos exemplares com o objetivo de provocar postura crítica sobre o que acontece no nosso dia-a-dia. Mas as emissoras de televisão mostram-se freqüentemente resistentes, principalmente quando há algum tipo de condenação. O SOS RACISMO/PE, em dois anos de existência, recebeu vários casos tão violentos quanto o Caso Grafite e a mídia não achou interessante veicular. Uma situação curiosa. Certa vez, a Rede Globo marcou com a equipe do então SOS Racismo uma entrevista com uma vítima. O jornalista chegou até a sede do SOS, mas, antes de iniciar a entrevista com a usuária do serviço, recebeu uma ligação e foi embora alegando que havia acontecido algo “mais interessante” e ele iria fazer a tal cobertura. Mas, no caso Grafite, estamos lidando com um caso que envolve uma pessoa conhecida e provavelmente tem uma condição socioeconômica diferenciada, contrariando as afirmações de que o racismo não existe e o problema é de classe ou de situação econômica.
Frente a situações como essas, percebemos como a força da mídia pode informar ou desinformar, dar importância ou negar a importância.
Ao mesmo tempo, é preocupante por trazer ao debate certas distorções, em interpretações equivocadas da legislação antidiscriminatória e o entendimento deformado de que chamar de Negro é crime. Basta uma pessoa fazer essa referência na mídia nacional que uma grande quantidade de desinformados absorve e acredita exatamente nisto. São pessoas que agora falam da questão racial com tanta propriedade, como se tivessem conhecimento de causa. No Programa Boa Noite Brasil de 21 de abril, por exemplo, a convidada Sônia Lima afirma, sem titubear, que o argentino só pagou fiança porque na terra dele racismo não é crime.
Observatório Negro

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