OBSERVATÓRIO NEGRO

Advocacia Política - Socioeducação e Pesquisa -
Articulação Política - Participação e Controle Social
Ana Paula Maravalho, Ângela Nascimento, Claudia Alves Gomes, Ciani Sueli das Neves, Elizabete Godinho, Maria Conceição Costa, Maria de Jesus Moura, Mércia Alves, Rebeca Oliveira Duarte, Rivane Arantes

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

A negação do negro

19/07/2004
PARA ESTUDO - TEORIAS E POLÍTICAS RACISTAS
“Destarte, podemos, à luz dos fatos e da ciência, concluir: o incorporamento direto do índio e do negro entre nós foi conveniente para garantir o trabalho indispensável à produção da vida econômica do povo novo que se ia formar; e o mestiçamento deles com o europeu foi vantajoso: a) para a formação de uma população aclimatada ao novo meio; b) para favorecer a civilização de duas raças menos avançadas; c) para preparar a possível unidade da geração futura, que jamais se daria, se os três povos permanecessem isolados em face um do outro sem se cruzarem; d) para desenvolver as faculdades estéticas da imaginativa e do sentimento, fato real no próprio antigo continente, como demonstrou o ilustre de Gobineau.”
“Manda a verdade, porém afirmar que essa almejada unidade só é possível pelo mestiçamento, só se realizará em futuro mais ou menos remoto; pois será mister que se dêem poucos cruzamentos dos dois povos inferiores entre si, produzindo-se assim a natural diminuição deste, e se dêem ao contrário, em escala cada vez maior com indivíduos da raça branca” (Sílvio Romero, “História da Literatura Brasileira”, 1888).
“A Raça Negra no Brasil, por maiores que tenham sido os seus incontestes serviços à nossa civilização, por mais justificadas que sejam as simpatias de quem a cercou o revoltante abuso da escravidão, por maiores que se revelem os generosos exageros dos seus turiferários, há de constituir sempre um dos fatores da nossa inferioridade como um povo” (Nina Rodrigues, “Os Africanos no Brasil”, final do século XIX).

POLÍTICAS RACISTAS (Trechos extraídos do livro “Bantos, Malês e Identidade Negra”, de Nei Lopes, Ed. Forense Universitária, Rio de Janeiro, 1988)
“Art. 1o. Fica proibida no Brasil a imigração de indivíduos humanos das raças de cor preta” (Projeto de Lei de Andrade Bezerra e Cincinato Braga, em 1921).
“Além das razões de ordem étnica, moral, política, social e talvez mesmo econômica, que nos levam a repedir in limine a entrada do preto e do amarelo, no caldeamento que se está processando sob o nosso céu, neste imenso cenário, outra por ventura existe a ser considerada, que é o ponto de vista estético e a nossa concepção helênica de beleza jamais se harmonizaria com os tipos provindo de semelhante fusão racial” (Deputado Fidélis Reis, defendendo o seu projeto de lei que também previa a proibição da entrada de colonos de raça preta no Brasil e restringindo a entrada da raça amarela, na década de 1920).
“Também sou contra a imigração de quaisquer outras raças que não as raças brancas da Europa (...) Devemos muito ao negro, mas, sem dúvida, teria sido infinitamente melhor que eles não se tivessem constituídos num dos grandes fatores da formação da nossa nacionalidade” (Oliveira Vianna, a favor desse projeto).
“O Brasil precisa ser corretamente conhecido. Especialmente a sua situação política. E, já que vai estudar os negros, devo dizer-lhe que o nosso atraso político, que tornou essa ditadura necessária, se explica perfeitamente pelo nosso sangue negro. Infelizmente. Por isso, estamos tentando expurgar esse sangue, construindo uma nação para todos, limpando a raça brasileira” (Ministro das Relações Exteriores do Estado Novo, Oswaldo Aranha, em 1938, numa entrevista à antropóloga Ruth Landes).
Decreto-lei n. 7.967 de 18 de setembro de 1945. Art. 2o. Atender-se-á, na admissão dos imigrantes, à necessidade de preservar e desenvolver, na composição étnica da população, as características mais convenientes da sua ascendência européia, assim como a defesa do trabalhador nacional.
“De todas as raças a branca é a mais inteligente, a mais perseverante, a mais empreendedora. (...) A raça negra é muito mais atrasada que as outras” (frase em livro didático que circulava nas escolas públicas do interior da Bahia nos anos 50).
“Nariz Negróide (Correção Cirúrgica)
...o crescimento da população branca é indiscutível e se faz em números alentadores em todo o Brasil. (...)
O crescimento da população mestiça fará com que ela chegue um dia ao branco, tendo partido do branco.
Por tudo isso quanto mais o mestiço se sentir afastado do elemento negro, maior será a sua vontade de retirar da face e, conseqüentemente do nariz, os estigmas que permitam lembrar a sua origem, fato que redundará, como é claro numa tarefa grande para aqueles que se dedicam à cirurgia plástica enfrentando o problema social já grande e que crescerá com o correr do tempo. (...)
Procedemos a osteotomia, aumentamos o dorso do nariz e mudamos mais para dentro da aza (sic) nasal.
Com isso, retiramos os caracteres típicos do nariz negro e lhe damos aspecto do nariz branco.” (Publicação de um grupo de médicos no “Boletim do Centro de Estudos do Hospital dos Servidores do Estado”, em 1970).

Nenhum comentário:

Postar um comentário