OBSERVATÓRIO NEGRO

Advocacia Política - Socioeducação e Pesquisa -
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Ana Paula Maravalho, Ângela Nascimento, Claudia Alves Gomes, Ciani Sueli das Neves, Elizabete Godinho, Maria Conceição Costa, Maria de Jesus Moura, Mércia Alves, Rebeca Oliveira Duarte, Rivane Arantes

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

A MORTE DO DEFENSOR NEGRO

29/07/2005


O Brasil é palco constante, desde sua formação nacional, do genocídio do povo negro. Ora invisibilizado nosdesaparecimentos forçados e assassinatos de nossos jovens moradores de periferia, ora justificado nas rebeliões em Febens/Fundac's ou outras unidades semelhantes, ora naturalizado na mortalidade infantil, na desnutrição, na fome; e, ainda, na ação brutal das chacinas que marcam de sangue a terra, as calçadas e escadarias brasileiras: Candelária, Carandiru, El Dourado dos Carajás, Mãe Luíza de Natal, Nova Iguaçu da Baixada Fluminense.A chacina ocorrida em 31 de março em Nova Iguaçu/RJ, neste ano, foi inegavelmente a representação da continuidade dessa ação genocida contra o povo negro, em que o critério utilizado pelos assassinos foi percorrer os lugares de maioria negra - não à toa, as comunidades empobrecidas - para tirar de um/a a um/a a vida de crianças, mulheres e homens. Negros. A sociedade ficou chocada, sim; mas a banalização da cor escolhida para essa morte - morte não-natural, morte violenta - fez repetir a idéia de que não existe critério racial qualquer para o homicídio em massa. Apenas "coincidências", que no entanto sempre resultam opovo negro o segmento mais vitimado pela execução sumária, pelos grupos de extermínio. Denunciamos que se trata sim de um genocídio secular. E esse genocídio que atinge a população negra vitimou nesta semana, na manhã do 25 de julho de 2005, um defensor dos direitos desse povo: o padre negro Henrique Keler Machado, que realizou mobilizações públicas de denúncia do extermínio e apoiou os familiares das vítimas.Por ser defensor de Direitos Humanos, seu assassinato demonstra que a frágil democracia brasileira ainda é refém de instituições violentas ou, no mínimo, incapazes de conter a ação vingativa e ameaçadora dos algozes, que se organizam e atingem aqueles e aquelas que lutam por direitos, por justiça e por responsabilização.Exigindo uma ação efetiva do Estado, os defensores e as defensoras de Direitos Humanos expõem, como o padre Henrique Machado - cujo nome, cuja causa e cuja raça lembra o padre Henrique vitimado pela ditadura militar - suas próprias vidas pelo fim do genocídio, da impunidade, da exploração, das desigualdades.Que a sua vida permaneça em nossas ações e nos dê coragem de continuar lutando.
IGUALDADE RACIAL COMEÇA COM O DIREITO À VIDA! PELO FIM DO GENOCÍDIO DO POVO NEGRO!
OBSERVATÓRIO NEGRO

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